Terceiro acidente, mesma esquina: motociclista desafia o destino
- MAGAL LOPES
- 16 de mai.
- 2 min de leitura

O silêncio abrasador da tarde foi rompido por um estrondo seco na Avenida Existente, no bairro Pedra 90, em Cuiabá. A cena, quase cinematográfica, misturava poeira, frenagem e gritos de socorro. No chão, um motociclista de 32 anos jazia imóvel, coberto de sangue, com o capacete ainda preso. Era mais uma colisão — a terceira da vida dele. A segunda, exatamente naquele cruzamento.
De acordo com testemunhas, a vítima trafegava com velocidade acima do ideal quando uma motorista tentou converter o carro. O impacto foi fulminante: a moto colidiu na lateral do veículo, lançando o condutor no ar antes de atingir o solo com violência. Pessoas que presenciaram a queda disseram que ele já estava inconsciente ao tocar o chão.
O local do acidente não é novo para quem vive ali. Pelo contrário, é antigo conhecido. “Essa curva é uma armadilha. E ele já sofreu outro acidente aqui. Parece sina”, desabafou um morador, enquanto o Samu prestava os primeiros socorros entre curiosos, buzinas e orações. A moto ficou destruída, e o carro também registrou danos consideráveis
A repetição de acidentes no mesmo ponto transformou a indignação dos moradores em cobrança. “Só vão fazer algo quando alguém morrer. Todo mês tem batida”, reclamou um comerciante. A sensação de abandono paira no ar: falta sinalização, sobram curvas perigosas, e a esperança por melhorias é engolida pelo barulho dos freios e das colisões.
Dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MT) revelam uma dura realidade: em 2023, foram contabilizados 5.124 acidentes envolvendo motocicletas no estado. Desses, 1.134 ocorreram em Cuiabá. O número representa quase metade de todos os registros com vítimas em veículos automotores, evidenciando o risco diário enfrentado por quem opta por duas rodas.
Ao fim do dia, o asfalto voltou a ferver e os carros retomaram a pressa de sempre. Mas o sangue escorrendo pela sarjeta, os cacos da moto espalhados e os olhos aterrorizados dos vizinhos ainda ecoavam o alerta: a esquina da tragédia continua no mesmo lugar, à espera de que algo finalmente mude.
FONTE:MT NOTÍCIA
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